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Uma formiga espacial dispara os seus lasers


A Nebulosa da Formiga, fotografada pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, assemelha-se à cabeça e corpo de uma formiga. Na realidade, é o resultado da morte de uma estrela parecida com o Sol e de complexas interações de material no seu coração.
Crédito: NASA, ESA e Equipe de Arquivo do Hubble (STScI/AURA)

Um fenômeno raro, relacionado com a morte de uma estrela, foi descoberto em observações feitas pelo observatório espacial Herschel da ESA: uma emissão de laser incomum da espetacular Nebulosa da Formiga, que sugere a presença de um sistema duplo de estrelas escondido no seu coração.

Quando as estrelas de baixo a médio peso, como o nosso Sol, se aproximam do fim das suas vidas, tornam-se, eventualmente, estrelas anãs brancas e densas. No processo, expelem as suas camadas externas de gás e poeira para o espaço, criando um caleidoscópio de padrões intricados, conhecidos como uma nebulosa planetária.

As observações do Herschel, no infravermelho, mostraram que a morte dramática da estrela central no núcleo da Nebulosa da Formiga é ainda mais teatral do que o sugerido pela sua aparência colorida em imagens visíveis - como aquelas obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA. Conforme revelado pelos novos dados, a Nebulosa da Formiga também irradia intensa emissão de laser a partir do seu núcleo.

Embora os lasers da vida quotidiana atual possam significar efeitos visuais especiais em concertos de música, no espaço, as emissões concentradas são detectadas em diferentes comprimentos de onda sob condições específicas. Apenas alguns destes lasers infravermelhos espaciais são conhecidos.

Por coincidência, o astrônomo Donald Menzel, o primeiro que observou e classificou esta nebulosa planetária em particular, na década de 1920 (é oficialmente conhecida como Menzel 3), também foi um dos primeiros a sugerir que, em certas condições, a amplificação da luz natural por emissão estimulada de radiação - a partir do qual a sigla ‘laser’ deriva (light amplification by stimulated emission of radiation) - poderia ocorrer em nebulosas gasosas. Isto foi bem antes da descoberta e da primeira operação bem sucedida dos lasers nos laboratórios em 1960, uma ocasião que, aliás, é celebrada anualmente a 16 de maio como o Dia Internacional da Luz.

"Quando observamos Menzel 3, vemos uma estrutura surpreendentemente intricada composta de gás ionizado, mas não podemos ver o objeto no seu centro a produzir esse padrão", diz Isabel Aleman, principal autora de um artigo que descreve os novos resultados. "Graças à sensibilidade e ampla faixa de comprimento de onda do observatório Herschel, detectamos um tipo muito raro de emissão, denominado emissão de laser de recombinação de hidrogênio, que forneceu uma maneira de revelar a estrutura e as condições físicas da nebulosa."

Este tipo de emissão de laser necessita de gás muito denso perto da estrela. A comparação das observações com modelos descobriu que a densidade do gás emissor de laser é cerca de dez mil vezes maior do que a do gás visto em nebulosas planetárias típicas e nos lóbulos da própria Nebulosa da Formiga.

Normalmente, a região próxima à estrela morta - neste caso, a distância entre Saturno e o Sol - é bastante vazia, porque a maior parte do seu material é ejetada para fora. Qualquer gás remanescente cairia logo de volta nela.

"A única maneira de manter o gás perto da estrela é se este estiver a orbitar em torno dela num disco," diz o coautor Albert Zijlstra. "Neste caso, observamos um disco denso no centro que é visto aproximadamente na borda. Esta orientação ajuda a amplificar o sinal do laser. O disco sugere que a anã branca tem um companheiro binário, porque é difícil fazer com que o gás ejetado entre em órbita, a menos que uma estrela acompanhante o desvie na direção certa."

Os astrônomos ainda não conseguiram observar a segunda estrela, mas acham que a massa da estrela companheira está a ser ejetada e depois capturada pela compacta estrela central da nebulosa planetária original, produzindo o disco onde a emissão do laser é produzida.

"Usamos o Herschel para caracterizar vários componentes de gás e poeira na nebulosa em torno de estrelas antigas, mas não estávamos necessariamente à procura de um fenômeno de laser," acrescenta Toshiya Ueta, principal investigador do projeto de Pesquisa de Nebulosas Planetárias de Herschel. "Tal emissão só foi anteriormente identificada num punhado de objetos; esta foi uma descoberta notável que não antecipamos. Certamente há mais nas nebulosas estelares para além do que está à vista!"

"Este estudo sugere que a inconfundível Nebulosa da Formiga, como a vemos hoje, foi criada pela natureza complexa de um sistema estelar binário, que influencia a forma, propriedades químicas e evolução nestes estágios finais da vida de uma estrela," diz Göran Pilbratt, Cientista do projeto Herschel da ESA.

"O Herschel ofereceu as perfeitas capacidades de observação para detetar este extraordinário laser na Nebulosa da Formiga. As descobertas ajudar-nos-ão a restringir as condições sob as quais este fenômeno ocorre e também a refinar os nossos modelos de evolução estelar. É também uma conclusão feliz o facto da missão Herschel ter sido capaz de ligar as duas descobertas de Menzel de há quase um século atrás."


Ilustração de alguns possíveis percursos evolucionários para estrelas de diferentes massas iniciais.
Algumas protoestrelas, as anãs castanhas, na realidade nunca conseguem atingir temperaturas suficientes para desencadear a ignição em estrelas de pleno direito, e simplesmente arrefecem e desvanecem.
As anãs vermelhas - o tipo estelar mais comum - continuam a queimar combustível até que transformam todo o seu hidrogênio em hélio, tornando-se anãs brancas.
As estrelas do tipo solar incham para gigantes vermelhas antes de expelirem as suas camadas exteriores em nebulosas coloridas enquanto os seus núcleos colapsam para formar anãs brancas.
As estrelas mais massivas colapsam abruptamente assim que gastam todo o seu combustível nuclear, desencadeando uma explosão de supernova ou explosão de raios gama e deixando para trás uma estrela de nêutrons ou um buraco negro.
Crédito: ESA


O telescópio Herschel tem um design clássico Cassegrain com um espelho primário de 3,5 metros - o maior já lançado para o espaço - e um espelho secundário menor. Este poderoso telescópio permite que os astrônomos olhem profundamente no espaço, detetando a luz emitida nas regiões do infravermelho distante e submilimétricas do espectro. A atmosfera da Terra impede que a maioria desta luz alcance os telescópios no chão. Em órbita no segundo ponto Lagrange do sistema Sol-Terra, ou L2, a 1,5 milhões de quilômetros da Terra, o Herschel preenche a lacuna entre os observatórios infravermelhos anteriores e os radiotelescópios terrestres. Esta imagem foi capturada durante os testes no Centro Europeu de Investigação e Tecnologia Espacial da ESA, ESTEC, na Holanda.
Crédito: ESA

FONTE: ASTRONOMIA ONLINE

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