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A internet de ontem, hoje e amanhã



Um passeio desde os primórdios da ARPANET, na década de 1960, à internet industrial e os cérebros conectados, passando pelo envio do primeiro emoticon

Comemorado em 17 de maio, o Dia Mundial da Sociedade da Informação, mais conhecido como Dia da Internet, foi instituído pela ONU em 2005 como forma de promover a reflexão em torno da influência que as novas tecnologias da informação têm na sociedade. Neste ano, por exemplo, o foco da celebração está no potencial que essa área apresenta quando associada ao empreendedorismo que busca impacto social. A ideia é debater o papel-chave que as start-ups e os hubs de tecnologia podem ter no desenvolvimento de soluções práticas que ajudem a atingir as metas globais de desenvolvimento sustentável.

Para vislumbrar todas as possibilidades que a internet nos reserva ao longo dos próximos anos, nada como conhecer sua história, marcada pela cooperação entre comunidades ao redor do mundo. Veja a seguir como ela mudou a forma como nos relacionamos e o que esperar da próxima era, a da internet das coisas.

A internet de ontem


Tudo começou em laboratórios durante a Guerra Fria (Arte: Raphaël Miranda)

1962: De acordo com a Internet Society (criada em 1992 por dois “pais” da internet, Vint Cerf e Bob Kahn), a primeira pessoa a descrever um novo tipo de interação social, que seria viabilizado por meio de uma rede de computadores, foi J.C.R. Licklider, em agosto de 1962. Ao desenvolver o conceito de uma "Galactic Network", ele previu um grupo de computadores globalmente interconectados. Pesquisador do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Licklider liderava o programa de pesquisa em computação na DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), órgão criado em 1958 pelo governo norte-americano cuja meta era assegurar sua superioridade tecnológica em relação à União Soviética. Isso incluía garantir a segurança da comunicação em caso de ataque nuclear, e os estudos nessa área levaram à criação da ARPANET, rede precursora da internet.

1965: Para viabilizá-la, porém, alguns passos foram fundamentais. Um deles, conseguir que os computadores “falassem” entre si. Em 1965, Lawrence G. Roberts e Thomas Merrill criaram a primeira WAN (Wide Area Network) ao conectar o computador TX-2, em Massachusetts, ao Q-32, na Califórnia, por meio de uma linha telefônica de baixa velocidade. A experiência, embora bem-sucedida, mostrou que os circuitos do sistema telefônico eram inadequados para esse tipo de tarefa. Em 1966, Roberts foi para o DARPA, onde montou o plano da ARPANET, publicado no ano seguinte. Ao apresentar seu trabalho numa conferência, entrou em contato com o conceito de comutação de pacotes que vinha sendo desenvolvido no Reino Unido, por Donald Davies e Roger Scantlebury. Em linhas gerais, a comutação de pacotes prevê a divisão da informação em pequenas unidades (os “pacotes”), que são enviados por caminhos (nós) distintos e reagrupados no destino final. Essa noção se tornou uma das bases da internet.

1969: Graças ao trabalho que desenvolveu em torno da teoria de comutação de pacotes, a UCLA (Universidade da Califórnia) foi selecionada para ser o primeiro “nó” da ARPANET. E, em setembro de 1969, a instituição acolheu o primeiro “host” (computador com a função de armazenar dados, mais tarde chamados de roteadores), no laboratório de Leonard Kleinrock. O segundo “host” foi conectado no Stanford Research Institute (SRI), também na Califórnia, no laboratório de Douglas Engelbart (um dos criadores do mouse). No dia 29 de outubro de 1969, uma mensagem partiu do computador da UCLA para o do SRI. Dois outros nós foram adicionados na Universidade da Califórnia em Santa Barbara e na Universidade de Utah. No fim do ano, quatro hosts estavam conectados à ARPANET.

1972: A ARPANET foi exibida pela primeira vez ao grande público em outubro de 1972, numa demonstração liderada por Bob Kahn. No mesmo ano, foi desenvolvida a aplicação “e-mail”, que foi a principal aplicação da rede por mais de uma década, prenunciando o que queria uma das principais atividades na internet: o fluxo de informações entre pessoas.

1976: A Rainha Elizabeth II envia seu primeiro e-mail.

1978: Os cerca de 400 usuários da ARPANET recebem o que ficou conhecido como o primeiro SPAM, convidando-os para uma demonstração de um produto.

1979: O usuário Kevin Mackenzie utiliza o primeiro emoticon online -). No fim dos anos 1970 e início dos 1980, as redes de computador começaram a se popularizar. A NASA adotou o SPAN, enquanto a CSNET atendia a comunidade da ciência da computação. A disseminação do Sistema operacional UNIX, via AT&T, ajudou a popularizar a USENET.

1982: Scott Fahlman, cientista da computação, adiciona uma coluna ao emoticon :-)

1983: Um dos desafios para a globalização da nova tecnologia era a concordância quanto à adoção de um padrão internacional, afirma o sociólogo Manuel Castells no livro “A Galáxia Internet”. O dia 1º de janeiro de 1983 foi um marco nesse sentido, quando todos os computadores conectados a ARPANET passaram a utilizar o TCP/IP (protocolos de comunicação para computadores em rede). A conversão simultânea dos “hosts” foi planejada por anos e, para alívio geral, deu certo. O Domain Name System (DNS) estabelece um novo sistema de nomenclaturas para os websites, bem mais fácil que os numéricos usados anteriormente: edu, .gov, .com, .mil, .org, .net.

1987: Foi nesse ano que a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e o LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica) se conectaram a instituições nos EUA. O acesso a redes internacionais incentivou outras entidades brasileiras a buscar o mesmo e em 1988 foi a vez de a UFRJ se conectar à UCLA. Mas o acesso à internet fora da comunidade acadêmica só foi possível em 1994, com o Alternex. Desenvolvido pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), começou a ser pensado em 1984, quando o instituto passou a integrar uma rede internacional de comunicação via e-mail (algo inédito no país). O órgão lançou o Alternex em 1989, com o apoio do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), e aproveitou a Eco-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento) para importar equipamentos de internet e instalar uma rede de computadores no evento. Em 1994, o Alternex operava o primeiro servidor WWW do país fora da comunidade acadêmica.

1991: A internet, como se vê, é fruto de uma construção coletiva. Ainda assim, coube ao britânico Tim Berners-Lee o apelido de “pai da internet”. Por quê? Funcionário do CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear), ele percebeu que era complicado compartilhar dados utilizando plataformas diferentes e decidiu criar um grande banco com hiperlinks. A esse sistema, capaz de unir internet e hipertexto, deu o nome de World Wide Web. Para viabilizar esse sistema, Berners-Lee desenvolveu o protocolo de transferência de hipertexto (HTTP), a linguagem de marcação de hipertextos (HTML) e o primeiro browser (navegador), chamado WorldWideWeb, entre outras ferramentas. Em agosto de 1991, lançou o primeiro website, mudando para sempre a forma como navegamos pela internet.

A internet de hoje


Dos laboratórios direto para nossas casas (Arte: Raphaël Miranda)

1993: Há quem considere o navegador Mosaic, lançado em 1993, um dos responsáveis pelo boom da Web na década de 90, graças à facilidade de instalação e sua interface multimídia. A Mosaic Communications Corporation acabou dando origem à Netscape Communication Corporation, que lançou um navegador com seu nome. Dois anos depois, o Netscape detinha 80% do mercado. O reinado, porém, não durou muito.

1993: O número de sites chega a 600; a Casa Branca e a ONU lançam suas páginas.

1995: A Guerra dos Browsers, ou Guerra dos Navegadores, durou quatro anos, até 1999. Ao longo desse período, a Netscape perdeu a liderança absoluta para a Microsoft, com seu Internet Explorer. Ao fim da competição, o Internet Explorer contava com 90% do mercado. Até que seu domínio foi quebrado pelo Firefox – descendente do Netscape. Hoje, segundo o StatCounter, a liderança é do Google Chrome, com quase 57% do mercado.

1997: Você provavelmente já estava familiarizado com o som da conexão via telefone, quase música para os ouvidos de quem possuia internet em casa.O “dancing baby” vira o primeiro meme da internet.

1998: O Google se destacou em meio a outros buscadores por sua habilidade espantosa de apresentar resultados relevantes. Logo após sua estreia, já foi eleito o mecanismo de pesquisa favorito da “PC Magazine”. Segundo o Alexa Internet Inc. (serviço que mede quantos usuários visitam determinado site), o Google lidera o ranking mundial, seguido por YouTube e Facebook, nesta ordem. No Brasil, o pódio é um pouquinho diferente: tem Google em primeiro lugar, Facebook em segundo e YouTube em terceiro.

2004: Por falar em Facebook, ele foi lançado em fevereiro de 2004 por Mark Zuckerberg. Em apenas 24h, 1.200 alunos de Harvard já tinham aderido à novidade, que logo foi estendida para outras universidades de Boston e, em pouco tempo, chegou a todas dos EUA. No ano seguinte, a rede passou a aceitar também alunos do ensino médio e tornou-se internacional. A partir de setembro de 2006, ela deixou de ser restrita a estudantes para acolher qualquer um que quisesse se registrar. Ao lado de outras redes sociais, como Twitter e YouTube, o Facebook influenciou profundamente a forma como nos informamos, nos relacionamos e nos posicionamentos politicamente. Esse impacto foi muito apontado, por exemplo, na Primavera Árabe - onda de revoltas que atingiu o Norte da África e o Oriente Médio em 2005.

2005: O mundo dos vídeos nunca mais foi o mesmo depois da chegada do YouTube, prenúncio da geração vlogger, que realiza sem sair de casa o sonho de virar um apresentador de sucesso.

2007: Lançado nesse ano, o iPhone não foi o primeiro smartphone do mercado. O Nokia 9000 Communicator, por exemplo, é de 1996 – e, sim, tinha acesso à internet. E em 2000, chegava ao mercado o Ericsson R380 – primeiro aparelho a receber o nome de smartphone. Mas a chegada do iPhone redefiniu o universo dos celulares inteligentes. Um grande passo foi substituir a grande quantidade de botões dos modelos anteriores por uma interface mais amigável e intuitiva. O segundo passo veio no ano seguinte, com a segunda versão do iPhone, cujo lançamento foi acompanhado da chegada da Apple Store, uma loja de aplicativos. O conceito fez tanto sucesso que, no primeiro final de semana, foi vendido um milhão de aparelhos.

2010: Uma virada importante aconteceu nesse momento: graças ao crescimento explosivo dos smarphones e tablets, o número de dispositivos conectados superou, pela primeira vez, o número de pessoas no planeta. Eram 12,5 bilhões de aparelhos com conexão à internet, enquanto a população somava 6,8 bilhões de pessoas. E esse é o critério adotado pela Cisco Internet Business Solutions Group para identificar o momento em que entramos na era da “internet das coisas”. Mas a tecnologia, propriamente dita, já vinha sendo desenvolvida há muito tempo. Fundado em 1999, o AutoID-Center, do MIT, ajudou a popularizar a ideia com suas pesquisas sobre identificação por radiofrequência e sensores. O Facebook alcança 400 milhões de usuários e o Instagram é lançado. Strike a pose!

2011: Lançamento do Snapchat (que só cai no gosto popular em 2015), mexendo com a ideia da memória. Como será o resgate afetivo das nossas informações, se elas passam a não ter nenhum tipo de arquivo, nem físico e nem digital?

2013: Enquanto a internet das coisas descreve um ambiente onde os objetos (como geladeiras) contam com um endereço IP, o que os capacita a enviar e receber informações, a internet industrial foca no funcionamento interno das máquinas e na análise em tempo real dos dados obtidos parar, com isso, ter um salto de produtividade. A expressão foi cunhada em 2013 pela GE, que lidera esse processo. No ano passado, a empresa lançou a Predix Cloud, primeira plataforma em nuvem dedicada especialmente a softwares para a gestão de processos industriais.

2014: O mundo está entrando em uma nova era de inovação da internet industrial. A sua essência é conectar máquinas inteligentes com pessoas para usar dados analíticos avançados para superar os desafios mais complexos da indústria. A internet industrial causará uma revolução de produtividade a partir do momento que a convergência de informação permitirá evitar problemas, eliminar perdas e melhorar a performance. Sua aplicação passa pela área de iluminação, aviação, saúde, esportes, óleo e gás, entre outras. A interação entre pessoas e máquinas também levará à necessidade de novos modelos de trabalho e de gestão.

2016: Chegamos a 3,42 bilhões de usuários de internet, sendo 2,31 bilhões deles participantes de alguma rede social. Atento ao crescente interesse das companhias brasileiras sobre a IoT, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) decidiu abrir, no início deste ano, uma chamada pública para a realização de um amplo estudo sobre o tema. A meta é descobrir que possibilidades essa nova tecnologia traz e, dentre elas, quais devem ser priorizadas no Brasil. Com base nisso, deve ser traçado um plano de ação para os próximos cinco anos, com as metas e ações que precisam ser empreendidas.

A internet de amanhã


Back up de informações cerebrais na nuvem (Arte: Raphaël Miranda)

2019: Os smartphones devem virar o dispositivo dominante no acesso a rede, seja para consumo de mídia, comunicação ou compras online.

2020: Você está a um quarteirão de casa e, pelo celular, aciona a porta da garagem. Sistemas assim já existem em versões experimentais, e são a tradução do uso cotidiano da internet das coisas. Segundo a empresa de tecnologia Cisco, 50 bilhões de dispositivos estarão conectados com a internet até essa data. Para dar conta do fluxo de todos esses dados que serão enviados por carros, drones, relógios, turbinas, motores, lâmpadas, câmeras, robôs etc., precisaremos ter uma conexão de internet não só mais rápida, como também mais segura. Daí a corrida mundial que se instalou, envolvendo empresas, centros de pesquisa e governos, para ver quem desenvolve antes a 5G – quinta geração de conexão móvel. Até essa data, só na Europa, devem ser investidos 700 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento da 5G.

2025: Um relatório da McKinsey Global Institute buscou avaliar a importância econômica que a internet das coisas pode ter no futuro. E a conclusão do trabalho, divulgado no ano passado, foi a de que, mesmo com todo o “hype” que ronda o tema, podemos estar subestimando seu potencial. A consultoria estudou casos concretos, abordando desde o uso de dispositivos para monitorar a saúde das pessoas até o de sensores que otimizam a manutenção de equipamentos numa fábrica, e descobriu que o impacto da IoT pode ir de US$ 3,9 trilhões a até US$ 11 trilhões por ano em 2025. Estima-se que a área mais beneficiada seja a indústria, seguida pela administração das cidades. Numa “smart city”, a nova tecnologia pode facilitar o fluxo de veículos, por exemplo, fornecer dados valiosos sobre segurança pública, proporcionar o uso mais racional de energia e viabilizar iniciativas que melhorem a saúde dos cidadãos.

2100: Sinapses digitais fazem a conexão entre os cérebros e as máquinas. Poderemos acionar objetos ou nos comunicar apenas pelo nosso pensamento, ou realizar o back up de memórias e outras informações cerebrais na nuvem. Tudo isso direto de sua casa de campo na colônia estabelecida em Marte, logo ao lado da casa dos Jetsons.

FONTE: REVISTA GALILEU

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